Prosimetron

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sábado, 6 de agosto de 2011

Os meus franceses - 157


Homenagem de Alain Souchon a Françoise Sagan.
Boa noite!

Boa tarde !



Uma obra para piano e orquestra escrita pelo inovador compositor inglês Percy Grainger em 1901.

Da minha biblioteca - 14


Não é uma bíblia do tema, mas sim uma excelente introdução que recomendo a quem se interesse por estes temas. Escrito por Paola Rapelli, integra a colecção Dizionari dell'Arte da editora italiana Electa. Já me tem valido avulsamente, não tanto pelos elementos concretos ( Ceptro, Espada, Arminho, Globo etc ) mas pela iconografia dos soberanos estudados, designadamente os italianos de várias dinastias e famílias.

vai um copito?

Velázquez, o almoço (c. 1620), Budapest, Szépmûvészeti Múzeum.

Post dedicado a Miss Tolstoi.

Porque hoje é 6 de Agosto

"los borrachos" ou "el triunfo de Baco" (1628-29), Madrid, Museu do Prado, desde 1819

Uma coroa de parras! Viva o novo rei!
Velázquez morreu a 6 de Agosto de 1660, em Madrid.

Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
E chama-me teu filho... eu sou um rei
[...]
                 Abdicação (1913), Fernando Pessoa

Francesco de Este

Só mais esta curiosidade:


Por detrás do retrato de Francesco de Este encontra-se o brasão dos Estensi e o nome do príncipe escrito em francês «Francisque».



Maria Antonieta como nunca a vimos...



Já que as jóias estão na ordem do dia, aqui fica uma bem contemporânea que tinha pensado incluir numa nova série de Vanitas Contemporâneas. Uma criação do joalheiro francês Franck Montialoux que, como habitualmente, junta História de França e humor neste pendente de prata, ametistas e pérolas. Só mesmo para republicanas.... :)

Em português - 125 : G.N.R.



Uma das minhas preferidas deles, que cumprem este ano três décadas de carreira.

Guias - 9

Hoje vamos até Toledo. Só tenho um livro sobre Toledo, este Todo Toledo. Da última vez que lá estive, fiz-me acompanhar pelo guia de Espanha, do American Express (em Portugal editado pela Civilização).

Barcelona: Escudo de Oro, 1974
 
Pormenor do coro da Catedral

A chamada Casa de Greco
 Hospital de Tavera
 Hospital de Santa Cruz
Taller del Moro

Há muito mais a visitar em Toledo: a Judiaria e a Sinagoga, o Alcazar, etc., e, principalmente, passear nas suas ruas. O Turismo da cidade organiza uns itinerários pedestres, um pouco apressados, mas fica-se com uma ideia: uma boa opção para uma parte da manhã do primeiro dia.


Um dia em Toledo: http://www.spain.info/pt/reportajes/un_dia_en_toledo.html

Estas «impressões e evocações», de uma viagem feita há 80 anos por Antero de Figueiredo (1866-1953).

Boas férias, Ana! Cuidado com o calor.

Café e jornal

Miloslav Holý (1897-1974) - Kavárna Unionka (Café União)
O jornal lido pela mulher retratada no quadro é o Lidové noviny (jornal do povo), diário de Praga, dirigido pelos irmãos Čapek, e cuja redacção era no Café União, na capital checa.
Para saber a história deste café: http://www.circe.paris-sorbonne.fr/villes/cpraguois/cafeunion/index.html

E agora, parafraseando o Luís, apetecia-me estar em Praga, num dos seus cafés.

GEORG GROSZ - Sob o Signo da Denúncia


Uma exposição de 63 aguarelas e litografias de Georg Grosz (1893–1959), «grande artista plástico alemão que dividiu a sua eclética produção por várias manifestações plásticas, nas quais predomina sempre um traço violento, áspero e cruel, expressão de uma vontade de denúncia da opressão política, social e económica.»
Centro Cultural de Cascais
Até 11 de Setembro
Entrada livre

O segredo de um martelo

Confesso que não gosto de tocar nos assuntos que os meus colegas trabalham. Mas, por vezes, a nossa imaginação é estimulada e começamos a navegar em torno de um tema, que não é nosso. Confessado o pecado, resta-me pedir clemência.
A Ana colocou um quadro de Francesco d'Este (c. 1430-c.1475) atribuído a Rogier van der Weyden. Acredita-se que tenha sido pintado circa 1460, data em que o mesmo pintor retratou Filipe-o-Bom e Carlos-o-Temerário.
A Ana estava interessada nas jóias: os dois anéis que o retratado tem. Um colocado no dedo (com pedra azul) e outro (com pedra vermelha) que apresenta, com a mão direita, em conjunto com um martelo.


Li o comentário que Luís Barata colocou. E partilhando das mesmas dúvidas.... lembrei-me de dois momentos em que fui confrontado com um martelo e que achei estranha a sua presença. 
O primeiro foi numa exposição (?), num livro (?), já não sei... mas lembro-me bem. Era um martelo de prata que tinha como explicação qualquer coisa como... martelo com que se verificou a morte do papa... Fiquei então a saber que o camarlengo (julgo que não estou enganado, que é ele) tem de dar uma pancada, com um martelo de prata, na fronte do pontífice, para comprovar que está morto.
Poderia ser, assim, o martelo com que o Camareiro de Filipe-o-Bom, cargo que Francesco d'Este também desempenhou, tinha comprovado a morte do seu senhor... apresentava-se o anel fora do dedo (símbolo de que o "poder" não está a ser exercido) e o martelo que comprovava a morte. Poderia ser uma tese, mas que esbarra com a data que por tradição se atribui ao quadro: 1460. Filipe-o-Bom morre em 1467 e o artista do quadro, se este for Rogier van der Weyden, morre em 1464. 

Mas, escrevi que havia ainda um outro momento em que tinha sido igualmente surpreendido por um martelo. Foi quando procurava símbolos do poder para o século XV e XVI, para um trabalho que nunca escrevi. 
Existe, na Bélgica, em Bruxelas, na Bibliothéque Royal, um manuscrito iluminado, denominado Chroniques de Hainaut, representado no primeiro fólio uma cena cortesã, em que um cronista apresenta o trabalho ao seu senhor, que, neste caso, é Filipe-o-Bom. Estamos em 1448. Até aqui nada de extraordinário, a não ser que Filipe-o-Bom se apresenta segurando não um bastão mas sim um martelo (?) semelhante (?) - não conseguimos uma boa ampliação - na mão direita. Um martelo como símbolo de poder? 


Assim, o martelo e o anel que Francesco d'Este apresenta na mão podem muito bem ser os símbolos do poder do duque da Borgonha. Os símbolos do senhor de quem tinha um cargo palatino.











Este post é dedicado à Ana, ao Luís e ao JP que o vai rebater, provando que o martelo não é um martelo...

p.s. [8.8.2011]: será que o martelo está, na mão do duque, com outra função?, por exemplo para dar uma "pancada" no livro, como acto de recebimento...

Capitão América

Nunca li
Palmela: Devir, 2005 (Os clássicos da banda desenhada. Série Ouro; 1)

Mas está aí o filme

Fiz leilão de mim

foi um fado que esteve presente esta noite.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Jóias na pintura - III

Em especial para JJ, uma rainha com jóias sumptuosas dignas do seu poder.


António Moro, Maria Tudor Rainha de Inglaterra , segunda mulher de D. Filipe II, 1554

Detalhe do toucado e colar com uma pérola de lágrima.




Museu Nacional do Prado






Cinturão com um pendente extraordinário. A rosa símbolo dos Tudor




"Hija de Enrique VIII y de Catalina de Aragón, María Tudor nació en 1516 y subió al trono de Inglaterra en 1553. En 1554 casó con Felipe II y murió en 1558. Sentada sobre un rico sillón de terciopelo bordado, la Reina aparece vestida con traje gris rameado y sobretodo de terciopelo morado, rica indumentaria propia de su elevada condición, igual que las joyas que luce en el vestido, tocado, puños y cinturón. Del cuello cuelga un pinjante con una perla de lágrima. En la mano derecha sostiene una rosa encarnada propia de la familia Tudor y en la izquierda una pareja de guantes, símbolo asimismo de distinción".


Museo Nacional del Prado

Já se imaginou a dançar nos terraços do Castelo de S. Jorge?

Experimente uma aula com as professoras argentinas Miriam Nieli e Elena González e entre numa Milonga ao som da música dos Anunamanta.
Amanhã, 6 Ago., 18h00-21h00.

Confrontos: Bosch e o seu Círculo

Bosch - Tentações de Santo Antão
Óleo sobre madeira, ca 1500
Lisboa, MNAA

Tríptico do Luizo Final
Oficina de Bosch
Óleo sobre madeira, 1.ª metade século XVI
Bruges, Museu Groeninge 
Tríptico das Tribulações Job (pormenor)
Continuador de Bosch
Óleo sobre madeira, 2.ª metade século XVI
Bruges,Museu Groeninge

Esta exposição, realizada em parceria com o Museu Groeninge (Bruges, Bélgica), coloca o Tríptico das Tentações de Santo Antão em confronto com o Tríptico do Juízo Final e o Tríptico das Provações de Job, ambos da colecção do museu de Bruges. A exposição debruça-se sobre as variantes ou os traços comuns do processo criativo destes trípticos, análise também apoiada em exames laboratoriais. É a primeira vez que se juntam, em Portugal, três grandes pinturas de Bosch e do seu círculo. (do site do MNAA)

Museu Nacional de Arte Antiga
Até 25 Setembro 2011

And the winners are...

O guia Tentações que semanalmente acompanha a revista Sábado dá-nos sempre boas sugestões. E boas notícias como a experiência interessante levada a cabo na icónica Aloma, uma pastelaria que há mais de 60 anos é referência na doçaria de Lisboa. Fica em Campo de Ourique (R. Francisco Metrass, 67) e é conhecida pelos seus croissants ou bolas de Berlim. Mas foi por causa dos pastéis de nata, outra delícia da casa, que vários especialistas se juntaram para um propósito nada fácil: escolher o melhor vinho para acompanhar este doce. Foram vencedores no teste um abafado 5 anos da Quinta da Aloma e um Moscatel Roxo 2000 da Quinta da Bacalhôa. Pelas suas características (secura e acidez) são os vinhos que melhor ligam com os pastéis de nata. O mesmo artigo traz ainda uma nota curiosa reveladora da notoriedade da Aloma. No final da prova, Carlos Braz Lopes, criador do melhor bolo de chocolate do mundo, aproximou-se de João Castanheira, proprietário da pastelaria e, meio sério meio a brincar disse-lhe: "Você um dia se quiser vender a Aloma ligue-me em primeiro lugar. É que um bolo de chocolate pode passar de moda, mas um pastel de nata ou uma bola de Berlim, não."

Vamo-nos refrescar... - 3

Aqui fica a minha sugestão de "refrescamento", embora a hora talvez não seja a melhor :). Trata-se de uma edição limitada que Jean Paul Gaultier concebeu para o Brut Cuvée da conhecida marca de champanhe Piper-Heidsieck. A inspiração? Une ode à la Parisienne, au Paris French cancan.

Um quadro por dia - 193

Vai hoje à praça, em Cannes ( pela casa Delorme&Collin du Bocage ), esta obra de Edwin Lord Weeks ( 1849-1903 ), um dos mais famosos orientalistas norte-americanos. Weeks estudou em Paris com Léon Bonnat, e depois percorreu o mundo com o cavalete atrás: Américas, África, Marrocos, Pérsia, Índia etc.
Este óleo ( Odalisque au bord du bassin, 92x154cm ), que esteve em mãos particulares desde a morte do pintor, tem uma base de licitação de 150.000-180.000 euros.

Bom dia !



Com o terceiro andamento do Opus 17 de Clara Schumann, que foi muito mais que a a mulher de.

Comecei a ler...

Paris: Perrin, 2011
€27,00

Comprei este livro há três dias na FNAC e comecei a lê-lo ante-ontem à noite. Já marcharam cerca de 100 páginas e não foram mais porque tem sido semana de trabalho.
Sylvia Beach (1887-1962), uma americana que se estabeleceu em 1916 em Paris, acabando por abrir a livraria Shakespeare and Company, em 1919, na rue de l'Odéon. Foi a primeira editora do Ulisses de James Joyce, tendo também promovido, dez anos mais tarde, a tradução desta obra para francês.
A sua livraria tornou-se ponto de encontro de escritores franceses - como André Gide, Paul Claudel, Valéry Larbaud e Paul Valéry - e de americanos e ingleses de passagem por Paris, como Hemingway, Gertrude Stein e Eliot.
O livro há-de aqui voltar, não nas «Leituras no Metro», porque é um grande calhamaço.

Elegâncias - 67

Foto de JMS, nosso enviado especial à Foz do Arelho.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Uma canção de embalar


Uma canção de Xavier Montsalvatge (1912-2002) interpretada por Sherley Verrett (1931-2010).
Boa noite!

Jóias na pintura - II

Rogier Van der Weyden é um dos expoentes mais importantes da pintura flamenga do século XV. As jóias que se realçam nesta pintura são os aneis.


O retrato é de Francesco d'Este, filho ilegítimo de Lionello de Este, duque de Ferrara.


Francesco foi convidado para a corte de Filipe, o Bom, para receber uma educação militar quando tinha apenas quinze anos; à excepção de umas viagens a Itália, estabeleceu-se depois definitivamente na Borgonha.





Rogier van der Weyden Francesco d'Este, ca. 1460



Quanto a mim o mais peculiar neste retrato é a existência do martelo que pode levar-nos a pensar numa profissão ligada às artes, mas são meras suposições. No link estão mais dados sobre o quadro. A imagem foi retirada do site do Metropolitan Museum de Nova Iorque, os detalhes foram fotografados.*




Metropolitan Museum, Nova Iorque





Notas e fotografias retiradas do livro *Metropolitan Museum Nova Iorque, Milão Everest Editora, 2006, p. 34-35. (Colecção Grandes Museus do Mundo) .

Lipton Summer Cocktails

Para os dias quentes de Verão, a Lipton preparou 20 dias de acções de praia onde a marca vai dar a conhecer aos portugueses receitas inovadoras de cocktails feitos com os seus produtos. A campanha Shake it percorrerá praias litorais, fluviais e alguns parques temáticos de norte a sul do país, consiste na criação de bancas de venda de cocktails Lipton elaborados por um freestyle barman e a oferta de inúmeros brindes da marca.

Vamo-nos refrescar... - 2

cop. Shaffer & Smith

Quem quer um gelado destes?

Vinheta. 4 de Agosto.




Embora o tema não seja muito inovador, neste 433.º aniversário daquele 4 de Agosto em que uma troika de reis desapareceu, tinha há muito projectado mencionar aqui este retrato d’El-Rei D. Sebastião.

Soube da sua existência pela divulgação de uma exposição no suíço Museu Rietberg, em Zurique, no início deste ano. Pertencerá aos antigos acervos da Casa Imperial austríaca e teria sido identificado recentemente como retratando o nosso Rei Desejado.

Deixo a ligação para notícia na página do Instituto Camões
http://www.instituto-camoes.pt/comunicacao/encarte-jl/2085-exposicao-no-museu-rietberg-retrato-desconhecido-de-d-sebastiao

e para a página do Museu, ao que se alega, o único naquele país dedicado a arte não europeia
http://www.rietberg.ch

Ao ver este retrato, lembrei-me logo deste outro, da Princesa D. Joana.




O cão não será seguramente o mesmo. A sê-lo, seria um canídeo viajado, já que, como se sabe, a Princesa saiu de Portugal muito antes de o filho atingir a idade que demonstra no retrato.

É pena que a imagem seja tão pequena, não permitindo comparar as coleiras (similares). No caso do retrato de D. Joana, a coleira apresenta o que se pretende que sejam as armas portuguesas.

Numa outra nota, a página do Instituto Camões tem uma pequena imagem de outro quadro que lembra muito o do Chafariz d’El-Rei que esteve presente no Encompassing the Globe e de que se falou aqui (http://prosimetron.blogspot.com/2009/10/so-ate-11-out.html) e, mais demoradamente, numa memorável visita ao MNAA (JAD, obrigado mais uma vez!).




O quadro que esteve em Zurique representará a Rua Nova dos Mercadores. Será da mesma
oficina, JAD? :)

E aqui fica música comemorativa, pelos nosos irmáns galegos. Os elmos ficam para outra oportunidade.



Bom dia!

PENSAMENTO(S) - 184

Victor Mikhailovich Vasnetsov, Os 4 Cavaleiros do Apocalipse, 1887, óleo sobre tela, Museu da Religião e do Ateísmo, São Petersburgo, Rússia.


(...) Après tout, rien n'est sûr en ce monde, pas même la fin du monde.

A nota, rara nele, de optimismo com que Cioran termina o seu inédito Le sentiment que tout va mal ( Bibliothèque Littéraire Jacques-Doucet ).

Novidades - 190

Um farmacêutico ( Hipólito de Aguiar ) e um dermatologista ( Fernando Guerra ) ajudam a esclarecer o nosso processo de envelhecimento. É uma edição da Euro Impala.
Interessa a muita gente, especialmente aos que, como eu, começam a olhar com temor para os primeiros cabelos brancos...

Os títulos dos romances de Sagan


Adieu tristesse
Bonjour tristesse
Tu es inscrite dans les lignes du plafond
Tu es inscrite dans les yeux que j'aime
Tu n'es pas tout à fait la misère
Car les lèvres les plus pauvres te dénoncent
Par un sourire
Bonjour tristesse
Amour des corps aimables
Puissance de l'amour
Dont l'amabilité surgit
Comme un monstre sans corps
Tête désappointée
Tristesse beau visage

Paul Eluard
In: La vie immédiate, 1932


«Dans un mois, dans un an, comment souffrirons-nous, - Seigneur, que tant de mers me séparent de vous?»

Racine
In: Bérénice, 1670


L'ÉTRANGER
- Qui aimes-tu le mieux, homme enigmatique, dis? ton père, ta mère, ta soeur ou ton frère?
- Je n'ai ni père, ni mère, ni soeur, ni frère.
- Tes amis?
-Vous vous servez là d'une parole dont le sens m'est resté jusqu'à ce jour inconnu.
- Ta patrie?
- J'ignore sous quelle latitude elle est située.
- La beauté?
- Je l'aimerais volontiers, déesse et immortelle.
- L'or?
- Je le hais comme vous haïssez Dieu.
- Eh! qu'aimes-tu donc, extraordinaire étranger?
- J'aime les nuages... les nuages qui passent... là-bas... là-bas... les merveilleux nuages!

Baudelaire
In: Petits poèmes en prose, vol. I (1869)

VIVRE ICI

Quand je l’ai vue, je l’ai perdue
La trace d’une hermine sur les vitres givrées.
Une étoile, à peine une étoile, la lumière,
Ses ongles sur le marbre éveillé de la nuit.

Je ne parle plus pour personne,
Le jour et la nuit se mêlent si bien dans la chevelure,
Sous mon regard, sous ses cheveux elle se fane,
Être vertueux, c’est être seul.

Inconnue, elle était ma forme préférée,
Je n’avais pas le souci d’être un homme,
Et, vain, je m’étonne d’avoir eu à subir
Mon désir comme un peu de soleil dans l’eau froide.

Paul Éluard
In: Le poète et son ombre


Face aux rideaux apprêtés
Le lit défait vivant et nu
Redoutable oriflamme
Son vol tranchant
Eteint les jours franchit les nuits
Redoutable oriflamme
Contrée presque déserte
Presque
Car taillée de toute pièce pour
le sommeil et l'amour
Tu es debout au pied du lit

Paul Éluard
Foi neste quadro de Magritte que Sagan se inspirou para o título da peça de teatro Il fait beau jour et nuit.

René Magritte - L'Empire des lumières
Óleo sobre tela, 1953-1954
Nova Iorque, Guggenheim


MAX ERNST

Dans un coin l'inceste agile
Tourne autour de la virginité d'une petite robe.
Dans un coin le ciel délivré
Aux épines de l'orage laisse des boules blanches.

Dans un coin plus clair de tous les yeux
On attend les poissons d'angoisse
Dans un coin la voiture de verdure de l'été
Immobile glorieuse et pour toujours.

A la lueur de la jeunesse
Des lampes allumées très tard
La première montre ses seins que tuent des insectes rouges.

Paul Éluard
In: Répétitions

Em La maison de Raquel Vega, Sagan construiu uma novela à volta do quadro homónimo do colombiano Botero. O seu editor aqui foi Joaquim Vital.

Salientei a negro as palavras que Françoise Sagan aproveitou para títulos de alguns dos seus livros. A poesia de Paul Éluard foi uma fonte de inspiração para a escritora.