Prosimetron

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sábado, 12 de dezembro de 2009

E ainda Ms. Warwick

No último minuto do aniversário de Ms. Dionne Warwick (GMT), a primeira colaboração com Burt Bacharach e Hal David: "Don't Make Me Over" (gravada originalmente em 1962). Duas versões.





Obama em estátua



Foi inaugurada em Jacarta, Indonésia, ao mesmo tempo em que o homenageado recebia o Nobel da Paz em Oslo, esta estátua de bronze intitulada Little Barry, o nome por que era conhecido então o jovem Barack Obama que viveu alguns anos da sua juventude na capital indonésia.
Não há dúvida que é o presidente americano mais multicultural de todos os tempos: pai queniano, mãe norte-americana, juventude passada no Havaí e na Indonésia, e vida académica e profissional em Chicago!

Coisas do Direito - 14



Soube hoje, através de uma crónica do Desemb.Rui Rangel, que o Supremo Tribunal da Flórida proibiu os juízes do respectivo estado de serem amigos dos advogados no Facebook.
É para mim inédita uma decisão formal de tal cariz. Percebo os eventuais argumentos do Tribunal, mas sempre direi que antes prefiro as amizades à vista na dita rede social do que amizades clandestinas entre profissionais do foro.
P.S. - Duas mulheres em sete no Supremo da Flórida não é mau, e uma até é o Presidente.

Novidades do castelhano

Enquanto aguardamos, uns mais contentes do que outros, pela entrada em vigor em Janeiro (será?) do Acordo Ortográfico, nuestros hermanos andaram a reformar a gramática. Depois de 11 anos de trabalhos por parte das 22 academias, está já à venda a nova gramática da língua espanhola com quase 4.000 páginas, 5kg de peso e que custa 120 euros.

Ainda Ms. Warwick

"Moments Aren't Moments", da banda sonora do filme "A Mulher de Vermelho", é uma das minhas músicas favoritas de Ms. Dionne Warwick -- junto-me ao Luís Barata e demais prosimetronistas nestes "Happy Birthday wishes".

Idiomas - traduzir ou não traduzir, eis a questão

La confusion des langues, Gustave Doré, 1865

Li com interesse os comentários anónimos a um artigo recente que fiz sobre uma visita a Nova Iorque que, entre outras coisas, criticavam o uso do idioma inglês nos títulos (presumo que em prol do português). A imagem que me surgiu foi a da tradução dos nomes; realmente, utilizamos "Isabel II" para designar a monarca britânica, ou "Bento XVI" para o actual Papa -- por estar a olhar para a capa de um DVD, surgiu-me no espírito o nome Isabel Alfayate (Elizabeth Taylor), derivando por sua vez para as referências que tinha feito.

Deliciado, e com o auxílio do Babelfish, apercebi-me que tinha visto a peça "Aldeola" ("Hamlet"), de Guilherme Shakespeare (Sacode-a-Lança?), interpretado pelo actor Judeu Lei (Jude Law), seguida de "Uma Chuva Constante" ("A Steady Rain"), com Daniel Penhasco e Hugo Homemmarinheiro (Hugh Jackman); "Ao Lado do Normal" ("Next to Normal"), com Alice Ripley (tenham paciência) e Araão Tveit (uma pequena aldeia na Noruega, infelizmente não conheço a tradução para português e mantive o original); e "Uma Pequena Música da Noite" ("A Little Night Music"), de Estêvão Sondheim (outra vez, uma pequena localidade -- desta vez, na Baviera, na Alemanha), com Angela Lansbury e Catarina Zeta-Joanina (uma liberdade -- Jones deriva de John, o João inglês).

O momento de maior indecisão (transcrever ou não transcrever era a questão) prendeu-se com "Aldeola". Creio que o Babelfish não esteve à altura e deveria ter sido "Telmo". Passo a explicar: "Hamlet" era o nome do príncipe, cujo anagrama é "Thelma". Ora "Thelma" já se traduz muito facilmente por Telma, sendo que a versão masculina é Telmo. Nesse caso, vi a peça "Telmo", na mesma com Judeu Lei.

Também hesitei com "Uma Pequena Música da Noite"; não seria "Um Pouco de Música Nocturna" (e com ou sem 'c')? Parece no entanto que ainda ninguém se deu ao trabalho de traduzir a obra do Estêvão Josué Sondheim (pois), o que é maçador, pelo que deixo ficar a referência do Babelfish.

No cinema, "A Princesa e o Sapo" ("The Princess and the Frog") e "Preciosa - Baseado no Romance "Empurrão" por Safira" ("Precious - Based on the novel "Push" by Saphire") também foram alvo de referência.

Quanto à visita ao MoMA, dei por mim no MdAM (pode ler-se Madame, mas não aconselho), a ver uma exposição sobre Timóteo Burton (voltando às terrinhas, esta era de Leicestershire, em Inglaterra; Claro que agora teria que mais apropriadamente referir-me a que era do Condado de Leicester, sendo que também, para minha pena, ignoro a sua tradução para português); vi os "Lírios de Água" de Cláudio Monet e uma retrospectiva da "Casa do Edifício".

Por fim, relativamente ao comentário que começa "isto o que é lá de fora é que bom", considero-o uma extrapolação curiosa (e visionária, que aprecio), dado que no artigo em questão me limitei a elencar as obras sem oferecer opinião (que pode ser consultada nos artigos subsequentes).

Tudo isto sendo dito, o que me mantém mesmerizado é o nome de Isabel Alfayate (obrigado, Peixe de Babel).

PS - A ilustração poderia estar legendada como "A Confusão dos Idiomas", por Gustavo Dourado, 1865

Boa noite!


Avenue Habib Bourghiba, em Tunis.
Fotografia de Ethel Davies.

Presença romana

A presença romana é uma constante na Tunísia. Este maravilhoso mosaico figurando Diana, decora uma sala no aeroporto.

No São Luiz, em Lisboa


Ainda hoje, às 21h30, e amanhã, às 17h30.

E ela vai estar entre nós

Uma boa notícia nos jornais de hoje: Joan Baez volta a Portugal em Março de 2010. Dia 8 na Casa da Música, e dia 10 no Coliseu de Lisboa. Imperdível. Aqui fica a sua interpretação da genial canção escrita por Bob Dylan, Forever young.

Um nome a reter: Raquel Ochoa


Raquel Ochoa, de 29 anos, foi a vencedora do Prémio Literário Agustina Bessa-Luís Revelação pelo romance A Casa-Comboio. O prémio, atribuído pela Estoril-Sol a autores com menos de 35 anos, compreende uma verba de 25.000 euros e a publicação da obra pela Gradiva.
Fico a aguardar a publicação desta saga de uma família indo-portuguesa.

Boa viagem!


Cumprindo a "regra" de que o Prosimetron não pára, eis que Portugal é trocado pelo Império do Meio e arredores pelo nosso Jad. Apenas temporariamente, felizmente, mas ainda assim durante um mês. Espero que as tecnologias ajudem a ir mantendo o contacto. Boa viagem!

Happy Birthday Miss Dionne

Dionne Warwick, cantora, actriz e activista ( para as Nações Unidas e nos EUA ), faz hoje 69 anos, já que nasceu a 12 de Dezembro de 1940. Aqui fica este medley ao vivo no BB King Nightclub de Nova Iorque, uma actuação de 2007. E acho que vou ficar a ouvi-la o resto da manhã. Eu e os meus vizinhos...


Exposição do fotógrafo Alberto Korda.
Galeria Torreão Nascente – Edifício da Cordoaria Nacional
Entrada Livre
até 31 Jan. 2010

http://www.korda.com.pt/

Natal 2009 - 12


No início tudo com facilidade lhe corria,
Mas ao subir por vezes já sentia
O milagre no seu corpo realizado,
E então parava, respirava o ar purificado
No cimo das montanhas da Judeia.

Não aquele país,
Mas a sua própria plenitude se estendia em seu redor;
Ao caminhar, sentia: mais ninguém seria portador
Da grandeza que nela agora tinha raiz.

E tinha pressa de a mão ter pousada
No corpo da outra, já mais adiantada.
E as duas mulheres num abraço se encontraram
E nos cabelos e vestes se tocaram.

Cada uma, do Sagrado repleta,
Com sua parente se protegia.
Ai, o Salvador nela era ainda flor completa,
Porém o Baptista no seio da prima dilecta
Já saltava no arrebatamento da alegria.

A visitação, de A vida de Maria de Rainer Maria Rilke, na tradução de Maria Teresa Dias Furtado, Portugália Editora, 2008


Imagens: capela Mariä Heimsuchung(Nossa Senhora da Visitação), situada na mais alta montanha da Alemanha (Zugspitze, ca. 3000m alt.); A visitação, pintor anónimo, Kremsmünster, 1460 (Áustria)
«Sou homem e nada do que é humano me é estranho.»
Terêncio

Les Poètes du Chat Noir - Erik Satie.

Suzanne Valadon (1865-1938), Retrato de Erik Satie, 1893
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LES RAISONNEMENTS D'UN TÊTU

"(...)
Il y a des arbres sur lesquels vous ne verrez jamais un oiseau; les cèdres entre autres: ces arbres sont si sombres que les oiseaux s'ennuient sur eux et les évitent.
Les peupliers ne sont plus visités, car il est dangereux d'accéder: ils sont beaucoup trop hauts."
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Erik Satie, in Les Poètes du Chat Noir, (Présentation et Choix d'André Valter) France: Gallimard, 2009, p. 480
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Gnossienne n.º 3

Para MR!

Sapato de chocolate, no Pierre Marcolini, Chocolatier
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A cadeira também está revestida a chocolate tal como a árvore de Natal e os presentes que decoram a montra.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Cinenovidades - 85 : Oscar et la dame rose

Estreou-se no passado dia 9 nas salas francesas a versão cinematográfica de Oscar et la dame rose, realizado por Éric-Emmanuel Schmitt. Um conto de Natal de sabor agridoce... O veterano Max von Sydow é um dos protagonistas.

Boa tarde!

Gosto bastante da voz deste crooner contemporâneo, Harry Connick Jr, que acaba de lançar um novo álbum- Your Songs. São as canções que todos conhecemos, os standards da era dourada com os arranjos dele. E há uma dos Beatles, And I love her, cantada em dueto com uma certa primeira-dama europeia...
Aqui fica uma, "velhinha", para começar o fim-de-semana:

Um fim de semana diferente na Casa da Achada - 18, 19 e 20 de Dezembro

Nos próximos dias 18, 19 e 20 de Dezembro vai haver na Casa da Achada UM FIM DE SEMANA DIFERENTE.

Enviamos em anexo o cartaz e o prospecto com a programação, bem como o cartaz das duas oficinas de vídeo que se vão realizar nesse fim-de-semana.


UM FIM DE SEMANA DIFERENTE NA CASA DA ACHADA

Três dias de vendas - Obras de arte, livros e discos novos, usados e difíceis de encontrar a partir de 1€

SEXTA - 15h-20h
SÁBADO e DOMINGO - 11h-20h


Sábado 19 de Dezembro

- 14h-17h: O que é que o meu bairro tem, oficina de vídeo para crianças orientada por Regina Guimarães
- 15h30: Visita guiada à exposição 50 anos de pintura e desenho de Mário Dionísio e outros artistas
- 17h30: Canções pelo Coro da Achada


Domingo 20 de Dezembro

- 11h30: Visionamento e comentário do vídeo O que é que o meu bairro tem
- 15h: Filme que falamos, filme que nos fala, oficina de vídeo para jovens e adultos orientada por Regina Guimarães, a partir da curta-metragem Deus Construção e Destruição, de Samira Makhmalbaf



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Associação Casa da Achada - Centro Mário Dionísio
Rua da Achada, nº 11 r/c - 1100-004 Lisboa
tels: 21 8877090
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A. S. : Escolhas Pessoais X

Jorge de Lima


Jorge Matheos de Lima (1893-1953), pintor, médico, escultor, ensaísta, cinco vezes rejeitado para ingressar na Academia Brasileira de Letras, poeta, sobretudo conhecido, e saturadamente, pelo poema “Essa negra Fulô” – que João Villaret dizia magistralmente – é uma figura que vale a pena lembrar. Cerca de um ano antes de morrer, numa entrevista, definiu-se assim: Tenho um metro e sessenta e oito centímetros de altura, peso 59,5 kgs. e uso óculos. Sou meio careca e meio surdo. Sou católico praticante e meu santo é São Jorge. Visto sempre de cinza e acordo às quatro da manhã com os galos e a aurora…
Infelizmente, e no que à poesia diz respeito, alguns dos seus melhores poemas estão sepultados por entre essa densa floresta epopeica intitulada Invenção de Orfeu (nome escolhido por Murilo Mendes) e que foi prefaciada por João Gaspar Simões, na sua edição original.
Autor de uma obra desmesurada e desigual, de leitura, por vezes difícil e pesada, em que o barroco se mescla de misticismo, e os metros clássicos e temas se travestem de surrealismo, sobrevoada por um sopro bíblico, a voz de Jorge de Lima é, no entanto, incontornável para quem quiser conhecer as tonalidades variadas da melhor poesia brasileira.



Francis Bacon: "Three studies for a basis of a crucifixion", 1.ª versão (1944)

Transcreve-se, do poeta, um soneto de grande tensão expressiva e que foi publicado – como inédito, na altura – na revista portuguesa Árvore (vol.II - Primeiro fascículo):

Divina Voz, divino Sopro santo,
respiro-me em teu Voo, veloz Amor.
E sinto-me pequeno de poesia.
Vezes uns uivos, longe de ser canto

vestem-me os pêlos como Manto novo,
cordas revoando. Louvo-te Senhor.
Tenho em roda ao pescoço uma coleira
de cão, de pobre cão entre o meu povo.

Nem sei dizer se esse mudado verbo,
nem sei dizer se essa gaguês furiosa,
essa rosa de vento que é meu berro

se tornou na asfixia de Teu perro,
- canto com que louvar-Te, canto-chão,
nessa Tua divina ventania.

Post de Alberto Soares.

Amanhã na Casa da Comarca da Sertã






Este sábado, dia 12 de Dezembro, entre as 15 e as 20h decorre a venda de Natal da Casa da Comarca da Sertã. Vão estar à venda diversos produtos regionais, nomeadamente maranhos, bucho, filhós, livros, etc. Entre as 15 e as 20h.


Casa da Comarca da Sertã, Rua da Madalena, 171, 3º andar. Entrada livre.


Mais informações em :


Natal 2009 - 11 (suplemento)

Lamento, mas não consegui pôr tudo que queria numa mensagem só... Aqui vai o "apêndice":

Natal 2009 - 11


Escolhi uma das imagens que a Biblioteca Nacional de França disponibiliza na sua magnífica base Mandragore, propositadamente de uma cristandade oriental, no caso tirada do manuscrito Armenién 333 (segundo aí referido, da segunda metade do século XIV). Numa só imagem, pelo menos três momentos convergentes para um mesmo significado.

Vem isto a propósito da laicidade do Estado e do famoso referendo por terras helvéticas. A reciprocidade no gozo dos direitos fundamentais, por princípio, deve ser recusada. Não se deve recusar certo direito, individual ou colectivamente, a uma pessoa por o seu estado de origem não o reconhecer, em idênticas circunstâncias, a estrangeiros ou mesmo aos seus próprios nacionais. Nesta medida, a liberdade que é ou não concedida, nos países islâmicos, aos crentes das outras religiões do Livro (ou de outras) é ou deve ser irrelevante na forma como queremos viver, seja no nosso canto à beira-mar plantado seja, como noutros casos, encravado no meio da Europa.

Tal não significa, num plano pessoal que tem maior ou menor importância em cada caso concreto, a irrelevância, pelo menos moral, da existência de duplos padrões (para não empregar anglicismos). Uma boa amiga minha (judia) insurgia-se há uns tempos com o facto de o filho, frequentando escola pública portuguesa, ter que “sofrer” festas de Natal, enfeites da época, etc. Quando referi que em Israel seria provável que uma criança católica “padecesse” de igual problema com as festividades próprias da religião hebraica, foi-me respondido que não se tratava de questão comparável, isto porque Portugal tinha escolhido, manifestamente, um caminho menos confessional do que a pátria judaica. Mais do que afectada por um positivismo extremado, a defesa da manutenção de tal dupla conduta ou solução é moralmente inaceitável, pelo menos ao nível individual.

Que relação isto tem com minaretes? Embora a sua utilidade (como a das torres das igrejas) seja aparentemente diminuta, isto fora das pequenas localidades, admito (ou até defendo, como para as igrejas) o seu valor simbólico e estético (não curando aqui dos minaretes católicos que se anunciam). Chocar-me-ia, contudo, uma floresta de minaretes em Lisboa, modificando a paisagem de uma forma incompatível com a história e a realidade social, do mesmo modo que seria bizarro alguém (muçulmano, pois parece que a entrada é vedada a terceiros) chegar a Meca e ter como elemento visualmente marcante tantas torres de igreja como tem Roma ou a nossa Braga.

A democracia (representativa como referendária) tem destas coisas. Não sei se os suíços temem a árvore ou a floresta: às vezes confunde-se a primeira com a segunda.

Ultrapassando os acidentes da História, aproveito o coro de anjos da parte superior da imagem e a globalização avant la lettre (vá, não escapei ao francês) que é simbolizada pelos reis magos da parte inferior:

Gloria in excelsis Deo et in terra pax hominibus bonæ voluntatis

(para os que acreditamos) (seguramente para todos, que a Boa Vontade a todos toca ou pode tocar)

Hoje na FNAC Chiado

É lançado hoje na Fnac do Chiado, pelas 20h, o dvd do documentário As Ilhas Desconhecidas de Vicente Jorge Silva. A apresentação estará a cargo de José Tolentino de Mendonça.
Aqui fica a nota de imprensa: " As Ilhas Desconhecidas de Raul Brandão é um dos principais clássicos da literatura portuguesa de viagens. Oitenta anos mais tarde, redescobrimos o relato da digressão pelos arquipélagos dos Açores e da Madeira, pela mão de Vicente Jorge Silva. É uma autêntica viagem no tempo e também a primeira vez que é possível percorrer, num documentário, as onze ilhas portuguesas, do Corvo à Madeira. "

Ainda os minaretes

- A Mesquita Azul de Istambul.


Na sequência do referendo suiço, vieram logo vozes muito voluntariosas clamar contra a "opressão religiosa" que se iria passar a viver na Confederação Helvética. Tomei nota, por exemplo, das declarações do MNE francês, Bernard Kouchner: " Se não for possível construir minaretes isso significa que se oprime uma religião. ". Serão mesmo assim tão importantes os minaretes? É que parece que não, como esclareceu há dias o sheik Munir, líder da Comunidade Islâmica de Lisboa : " Só há dois aspectos obrigatórios numa mesquita: ser um espaço limpo e estar virado para Meca. Em Portugal, se quisermos construir uma mesquita, é preciso a orientação através da bússola para Sudeste. O minarete não é obrigatório. É normal, em termos arquitectónicos, mas só serve para embelezar o espaço. "
Mais: quando estive recentemente na Turquia, vi uma mesquita em Antalya, bastante antiga, cujo minarete foi destruído num período turbulento e o mesmo não voltou a ser reconstruído. E isto num país esmagadoramente islâmico.

«Os caprichos têm data», com Margarida Acciaiuoli - sáb 12 Dez - 3ª sessão do Ciclo A Paleta e o Mundo

Sábado 12 de Dezembro às 15h

«Os caprichos têm data»

mesa redonda organizada por

Margarida Acciaiuoli

Realiza-se no sábado 12 de Janeiro às 15h, na Casa da Achada-Centro Mário Dionísio, mais uma sessão do Ciclo A Paleta e o Mundo, em que serão debatidas, numa mesa redonda, as questões levantadas no 3º capítulo da Introdução da obra de Mário Dionísio A Paleta e o Mundo, intitulado «Os caprichos têm data», que trata das relações entre a arte e a sua época.

É Margarida Acciaiuoli, professora de História de Arte e uma das fundadoras da Casa da Achada – Centro Mário Dionísio, que organiza a sessão, uma mesa redonda em que participarão, além da organizadora, Júlia Andrade, Teresa Lima, Rita Ferrão, Paula Lobo, Bruno Marques, Catarina Rosendo, Filomena Serra, Sérgio Coutinho, Cristina Vasconcelos, Paulo Baptista e Alexandra Quintas.

Os temas da mesa-redonda são os seguintes: a Importância dos Caprichos e a criação artística; os Caprichos como resposta; arte e sociedade / a arte depende da sociedade do seu tempo; relação da arte com a natureza: o problema da luz, entre outros; o retrato, o problema da figura no Ocidente: a Figura do Cristo; a questão da "impossibilidade" da fotografia; a questão da arte abstracta; a pintura e a época: a ligação passado/futuro, através das "contaminações figurativas".

Trata-se da terceira sessão mensal deste ciclo. As duas primeiras foram organizadas respectivamente por Luís Miguel Cintra (Arte e Público) e por Rui-Mário Gonçalves (Arte Ciência).

A quarta estará a cargo de Manuel Gusmão e terá lugar em 23 de Janeiro próximo, a partir do 4º capítulo da Introdução de A Paleta e o Mundo intitulado «Um mundo dentro do Mundo».

Desde 26 de Outubro está em curso, às segundas-feiras pelas 18h30, a leitura seguida, com projecções de imagens, da 2ª parte de A Paleta e o Mundo, intitulada «Prestígio e fim de uma ilusão», sobre a pintura dos séculos XVIII e XIX.

Ver aqui o programa do ciclo.



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Coisas do Inferno... - 7

Estava na altura de aqui trazer uma coisa infernal lusa, e escolhi uma "colectividade" : a Associação Portuguesa de Satanismo, com sede na Marinha Grande, registada em cartório, sítio na net, um braço empresarial ( a HellOutro Enterprises que edita discos, livros e organiza concertos ) e uma revista chamada, sem grande espanto, Infernus.

Há que esclarecer, no entanto, que estes satanistas lusos estão mais integrados no chamado neo-satanismo, já que não acreditam propriamente numa entidade chamada Satã ( ou Diabo ) mas sim numa força da natureza anterior ao Cristianismo, não redutível portanto ao Demónio cristão. Estão, pois, longe dos altares e das missas negras, dos crucifixos invertidos etc.

Aqui ficam os seis princípios orientadores ( "mandamentos", passe a blasfémia ) da Associação :



1- Sim à indulgência. Não à abstinência.

2- Utilização da inteligência vital. Não enveredar pelos caminhos de espiritualidade vazia.

3- Bondade merecida, retribuída. Não ao amor desperdiçado.

4- Vingança. Olho por olho, dente por dente. Lei de Talião ( retribuição na mesma medida ou forma de agressão ).

5- Primazia à natureza animal do homem.

6- Satisfação plena de todos os desejos carnais.

101 anos

Falou-se aqui ontem dele, a propósito de subsídios, e eis que hoje faz 101 anos. Parabéns a Manoel de Oliveira, cujo mais recente filme, O Estranho Caso de Angélica, deve estrear no primeiro semestre de 2010.

A arte de fazer cópias!

Espalhados pelo Museu D'Orsay encontrei estudantes de pintura, não sei se eram amadores ou profissionais mas, eram excelentes na arte de copiar!
Não meti conversa porque estavam absorvidos no seu trabalho.

Quadro de Charles de Tournemine (1812-1872), Élephante d'Afrique, 1867

x Óleo sobre tela, 88 x 178 cm, Museu D'Orsay, Paris, França


Claude Monet, Les Coquelicots, 1873

Óleo sobre tela, 50x 65 cm, Museu D'Orsay, Paris, França

1939 : Marlene Dietrich

Esta Falling in love again foi gravada a 11 de Dezembro de 1939, embora já tivesse sido cantada anteriormente por Marlene em filme, como vemos aliás neste clip de 1930.
E falling in love again é bom quando acontece, especialmente se for recíproco...

Um livro para ... : JAD

Para quem gosta de segredos, de arquivos e do Vaticano , que outro livro senão esta absoluta novidade editada pela Paul Van den Heuvel- VdH Books? É o primeiro livro publicado sobre os arquivos secretos do Vaticano, reproduzindo 500 documentos escolhidos entre as milhares de preciosidades guardadas. Existem versões do livro em francês e italiano.

Um livro para ... : João Mattos e Silva

Continuando nesta senda de entrega virtual de livros, aqui está o do JMS: trata-se da recém-publicada tese de mestrado de Lourenço Correia de Matos, Fornecedores da Casa Real ( 1821-1910 ), editada pela Dislivro.

Cinenovidades - 84 : Ágora

Estreou ontem entre nós o aguardado Ágora, a quinta longa-metragem do espanhol Alejandro Amenábar sobre Hipácia, a primeira mulher filósofa, astrónoma e matemática, professora na maior biblioteca do Mundo Antigo, a de Alexandria. E o Cristianismo avança sobre Alexandria neste século IV...
Será que as polémicas entre historiadores que ocorreram em Espanha irão também acontecer em terras lusas?


Qu'est-ce qu'une vie bonne? - 2

Pensées, (amores-perfeitos) parisienses.
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"Rien n'est plus parfait que le monde (...) Le monde est un être animé, doué de conscience, d'intelligence et de raison".


Cicéron - De la nature des dieux, II, XVII.


Luc Ferry, Paroles de philosophes, Qu'est-ce qu'une vie bonne?, France: Dalloz, 2009, p. 10.

Isadora Duncan (1877 - 1927) "Une sculpture vivante"


Isadora Duncan na praia em Veneza, 1903 ou 1905

Colónia, Arquivos da Dança


O Musée Bourdelle apresenta uma exposição sobre Isadora Duncan, uma das fontes de inspiração de Antoine Bourdelle (1861-1929), como o testemunha a quantidade de desenhos conservados no Museu. Primeira manifestação da importância desta figura pioneira da dança, debruça-se sobre os anos que Isadora Duncan passa em França.


Musée Bourdelle

18, rue Antoine Bourdelle
75015 Paris

até 14 Março 2010


Um português no Museu D'Orsay!

José Julio de Souza Pinto (1856-1939) La récolte des pommes de terre, 1898
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Óleo sobre tela, 66,5 x 81,7 cm, Museu D'Orsay, Paris França

José Júlio originário da ilha Terceira, Açores, foi viver no Porto, em 1880, onde se destacou como um brilhante aluno de artes. Ganhou uma bolsa para estudar em Paris, trabalhou na École des Beaux-arts e no estúdio de Alexandre Cabanel. Seguiu a corrente Naturalista.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Para Jad!

Viajo muitas vezes em sonho.
Jad a sua viagem fez-me recordar este auto-retrato de Chagall que vi numa exposição comemorativa do pintor em Roma, no museu do Monumento Nazionale a Vittorio Emanuele II, em 2007.
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Auto-retrato - 1914 Paris
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Outro auto-retrato: O pintor na lua, 1917, gouache aguarela sobre papel,
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Colecção Marcus Diener
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Deixo duas pinturas de Marc Chagall que adoro por causa da espiritualidade e do simbolismo que respiram as suas telas.

"Precious"


Precious” (de sua graça completa "Precious: Based On The Novel Push By Sapphire") é um dos filmes mais falados nesta temporada pré-pesos pesados para os Óscares como sendo um candidato sério a Melhor Filme. Narra a história de uma adolescente negra em Nova Iorque, Precious, que aos 16 anos está grávida da segunda criança, é abusada em casa e não sabe ler nem escrever – mas quer aprender para poder ter uma vida melhor. O filme é notável pelos sucessivos murros no estômago, fazendo “Dancer in the Dark” de Lars von Trier parecer um filme optimista (bem… quase). A realização está a cargo de Lee Daniels, e a interpretação de Gabourey Sidibe é uma das estreias mais impactantes de que me lembro. Destaque ainda para a interpretação de Mo'Nique e para a presença dos cantores Lenny Kravitz e Mariah Carey. A produção executiva inclui Oprah Winfrey.

O novo filme da Disney - The Princess and the frog



The Princess and the Frog” é uma fantasia sobre a conhecida fábula, desta vez tendo como cenário a cidade de Nova Orleães.

Divertido, com excelentes cenas de animação (em especial as grandes coreografias), é reminiscente de uma fase mais antiga das princesas da Disney, não sendo uma obra maior (falta imaginação: o feitiço lembra o “Shrek”, o crocodilo evoca o “Peter Pan” e o vilão é a versão bayou de Jafar, de “Aladino”, a feiticeira faz lembrar a feiticeira de “A Pequena Sereia”, o pirilampo parece a versão animada de Watto, de “A Guerra das Estrelas – Episódio I” e por aí em diante). A música de Randy Newman, sendo correcta, não é particularmente cativante. No entanto, é divertido.

Por agora, está em exibição limitada no “Ziegfeld Theatre” (sim, o das Follies), uma sala em preservada como grande sala de cinema, prevendo-se a estreia generalizada em meados de Dezembro.

Quadro para uma outra viagem

Kuzma Petrov-Vodkin (1878-1939): Virgem (1914-1915)
S. Petersburgo, Museu Estatal Russo

Uma pausa, antes do regresso a Lisboa (e espero não perder o transporte porque, por aqui, está tudo muito atrasado), deu para ler o e-mail, vantagem das novas tecnologias.

Miss Tolstoi enviou-me, num e-mail, um lindo quadro que espero ter a oportunidade de ver, ao vivo, numa futura viagem. Nesta viagem de sonho não me cruzei com ele. Aqui fica, para todos.

Quatro peças na Broadway


A encenação de “Hamlet” revela a peça como obra maior da literatura de terror, dimensão da qual nunca me tinha apercebido. Geraldine James (“Gandhi” e “A Jóia da Coroa”) é superlativa como Gertrude, sendo que a peça pertence merecidamente a Jude Law no papel principal, que arrasta a audiência inexoravelmente para o caminho da insanidade.



A Steady Rain” apresenta uma peça com apenas dois actores (e personagens): dois polícias de Chicago, amigos de infância, com interesses românticos pela mesma mulher e complicações graves com um dos casos que se lhes depara. Os dois são muito sólidos, e surpreendentes fora dos registos mais conhecidos de James Bond e Wolverine / van Helsing e afins.



Next to Normal” foi o prato principal: um musical improvável, sobre a depressão bipolar numa mãe de família. Improvável, e perfeitamente bem conseguido, elevando o espectador e fazendo-o partilhar da montanha russa em que a família embarca. Destaque para Alice Ripley, que aliás conquistou o Tony de Melhor Actriz este ano, e para Aaron Tveit, que faz de Gabe (que tem vindo a receber grande atenção, quer por este seu papel, quer por ter estreado “Catch Me If You Can” neste Verão).


A Little Night Music” foi a pièce de résistance. Marca a estreia de Catherine Zeta-Jones na Broadway (mas não em musicais, a sua carreira começara no West End antes de passar ao cinema). O musical de Stephen Sondheim, baseado no filme de Ingmar Bergman, recebe um revival em que a matriarca é magistralmente interpretada por Angela Lansbury (aliás, quando Angela Lansbury veio agradecer, a sala explodiu para uma standing ovation electrizante). O musical é conhecido por conter a canção “Send in the Clowns”, interpretada pelo personagem de Zeta-Jones (para minha pena, pelo texto pensei que pudesse ser Lansbury). A própria admitiu numa entrevista à ABC no dia seguinte a eu ter visto a peça que não pretendia competir com as grandes vozes que imortalizaram a canção, e que pretendia interpretá-la no contexto intimista na cena. Consegue-o, mas por pouco… A nota alta vai para o humor e o magnetismo da grande dama da Broadway, Angela Lansbury, nota altíssima para terminar esta imersão.

Vitória de Samotrácia!

A deusa grega, Nike tes Samothrakes (Νίκη της Σαμοθράκης) é das mais belas esculturas gregas que conheço. Não pude resistir e passei alguns minutos a olhar o movimento que a peça realça.


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O voo de Niké realça a vitória naval.
Em Samotrácia foi acordada do sono eterno...
Agora, renasce todos os dias nas escadas de Darú
sobre o olhar de quem a cruza!

Tim Burton no MoMA


A exposição de Tim Burton no MoMA apresenta desenhos, anotações, filmes curtos, props e outros elementos ligados aos múltiplos filmes do realizador, incluindo “Beetle Juice”, “Frankenweenie”, “Vincent”, “Batman” e “Batman Returns”, “Eduardo Mãos de Tesoura”, “The Nightmare Before Christmas”, “Big Fish”, “Ed Wood”, “O Planeta dos Macacos”, “Sleepy Hollow”, “Corpse Bride” e o novo “Alice”. Captura simultaneamente o génio e o sentido de alienação do autor, e merece a visita com um certo fervor respeitoso. Para os visitantes, convém comprar os bilhetes online com antecedência, dado que as entradas são limitadas e escalonadas de meia em meia hora. A exposição decorre até 26 de Abril de 2010.


O MoMA tem ainda em exibição uma retrospectiva da Bauhaus e uma exposição dos “Waterlilies” de Claude Monet (com um destaque curioso para as obras do final de carreira, com predominância de castanhos e ferrugem). Curiosamente, nenhuma das temporárias do Met me chamou a atenção (há sempre uma primeira vez…).

Caricatura de André Carrilho.